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Câncer de Mama - Descoberta de potencial novo biomarcador

Diversos estudos científicos já demonstraram a correlação entre a obesidade e vários tipos de câncer. E com o câncer de mama não é diferente.

O tecido adiposo é um importante componente da mama humana saudável. No entanto, evidências científicas apontam que o aumento no índice de massa corporal (IMC) está associado a um maior risco para o desenvolvimento de carcinoma mamário, (especialmente em mulheres pós-menopausa) quando comparado a pacientes com peso corporal dentro da normalidade.

Além disso, em um recente estudo científico, pesquisadores descobriram estruturas parecidas com coroas ao redor dos tumores de mama em pacientes com sobrepeso. Neste mesmo trabalho, foi verificado que a obesidade pode, inclusive, prejudicar a resposta à terapia contra o câncer de mama.

 A gordura possui papel importante como imunomodulador

O tecido adiposo desencadeia respostas em nosso organismo que transcendem o seu papel como reservatório energético. Na verdade, ele é um importante órgão endócrino que regula a homeostase energética e que possui importantes propriedades imunomoduladoras.

Para entender melhor como ocorre essa dinâmica, precisamos entender o que acontece com as células de gordura (adipócitos) durante o ganho de peso. Nesse cenário, os adipócitos acabam sofrendo alterações estruturais que culminam no crescimento patológico do tecido, levando ao aumento no tamanho destas células e à morte dos mesmos.

Quando o adipócito morre, são liberadas moléculas do interior das células (como ácidos graxos livres e citocinas) que estimulam o recrutamento de células do sistema imunológico, os macrófagos. Estes macrófagos atuam “limpando” os restos do adipócito, englobando o material celular em um processo chamado fagocitose. No entanto, os macrófagos acabam se acumulando ao redor de outros adipócitos, gerando a formação de estruturas em forma de “coroa”.

Essas coroas induzem um ambiente pró-inflamatório no tecido, com elevação da proteína C reativa e citocinas indutoras de inflamação. Esse ambiente inflamatório na mama pode levar ao aparecimento e crescimento de tumores. No câncer mamário, as coroas estão presentes em 36-50% das pacientes diagnosticadas e tem sido correlacionada com prejuízos nas taxas de sobrevida e resposta ao tratamento. Além disso, a presença destas estruturas também está associada aos subtipos de câncer de mama triplo negativo e HER2 +.

 A obesidade prejudica a resposta ao tratamento contra o câncer de mama

Em um pioneiro estudo publicado este ano na revista Scientific Reports, cientistas avaliaram amostras de um grupo de pacientes com câncer de mama HER2+ para investigar a ligação entre o alto IMC e a formação de estruturas semelhantes a coroas. Foram analisados também os efeitos da presença destas estruturas sobre como as pacientes responderam à terapia com um medicamento chamado trastuzumab.

O trastuzumab é um fármaco do tipo anticorpo monoclonal que bloqueia a ação da proteína HER-2 e apresenta resultados significativos quanto à melhora do estado clínico de pacientes diagnosticadas com câncer de mama precoce ou metastático. No entanto, a resistência adquirida com o uso deste medicamento tem se tornado um desafio para médicos oncologistas.

Neste estudo, os pesquisadores demonstraram que pacientes com sobrepeso ou obesidade apresentam um número superior de coroas ao redor do tumor mamário. Além disso, estes resultados foram associados a uma evolução muito mais rápida para o câncer metastático. Estes achados indicaram que as pacientes, de alguma forma, não estavam respondendo adequadamente à terapia com trastuzumab.

 Potencial novo biomarcador CD32B

Para entender melhor os significados destes resultados, o grupo de pesquisa resolveu estudar com maior profundidade os macrófagos presentes nas coroas. Um potencial novo biomarcador molecular chamado CD32B, foi encontrado na superfície dos macrófagos. De forma surpreendente, a presença deste biomarcador em pacientes com sobrepeso e obesidade gerou piora na resposta à terapia com o trastuzumabe em longo prazo.

Já em pacientes que não expressavam a proteína CD32B, o tratamento farmacológico se mostrava mais eficaz. Estas são descobertas importantes que trazem novas possibilidades para a terapia contra o câncer de mama HER2+, como a possibilidade de uso de dosagens menores do trastuzumabe que minimizaram os seus efeitos colaterais.

Além disso, a CD32B representa a possibilidade de desenvolvimento de um novo biomarcador para análise de prognóstico e personalização do tratamento. A presença do marcador associado com o IMC alto pode predizer uma provável resposta ruim com medicamentos anti-HER2 em longo prazo. Por outro lado, estes pacientes podem se beneficiar de uma terapia mais intensiva com o trastuzumabe no início do tratamento.

No entanto, é importante destacar que novos estudos deverão ser conduzidos com um número maior de pacientes para fortalecer e confirmar estes achados iniciais. O avanço na investigação dos mecanismos envolvidos na participação da proteína CD32B e das estruturas do tipo coroa possibilitará aos cientistas melhorar as respostas à terapia do câncer de mama.

Nós, do Grupo Diagnose, assumimos o compromisso de trazer informações relevantes e de qualidade sobre o que há de mais moderno e atual na área de oncologia.

O Grupo Diagnose é especializado em diagnósticos oncológicos por meio de tecnologias modernas e inovadoras, como a Hibridização In Situ Fluorescente (FISH), PCR em tempo real, Sequenciamento de Nova Geração, além de possuirmos uma vasta acervo de anticorpos para variados biomarcadores.

 Referência:

Birts, C.N., Savva, C., Laversin, S.A. et al. (2022). Prognostic significance of crown-like structures to trastuzumab response in patients with primary invasive HER2 + breast carcinoma. Sci Rep 12, 7802.

Gesta, S. & Kahn, C. R. (2017). White adipose tissue. Adipose Tissue Biology, 149–199.

Quail, D. F. & Dannenberg, A. J. (2019). The obese adipose tissue microenvironment in cancer development and progression. Nat. Rev. Endocrinol. 15, 139–154.

 

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